Há alguns anos, com o surgimento dos problemas recorrentes da vida pessoal, a fotografia analógica me ajudou a resgatar, com essa característica, um pouco a minha visão subjetiva de mundo. Existe uma certa beleza na expectativa de comprar uma caixinha de filme, de puxar o rolo, colocá-lo na câmera, rodar alavancas. Desvendar a máquina, entende?! Existe um encantamento de se ver aquilo registrado posteriormente, em cores e granulações que já não estamos acostumados a ter naturalmente.
Também acaba havendo uma integração muito interessante entre processos automatizados e processos analógicos, onde existem equipamentos antigos que possibilitam o processo de revelação, softwares de correção de cores e scanners de digitalização de filmes. Hoje você pode revelar um filme, imprimir em Fine Art e digitalizá-lo novamente se quiser. As possibilidades são realmente muito variadas e sinto que, quanto mais estudo as técnicas, mais eu consigo explorar isso. Sinto que há também uma integração entre a “máquina” e essa parte “abstrata e particular” da qual tentamos traduzir e, continuamente, gravar, cada um na sua respectiva proposta, dentro da fotografia.
Lembro de começar registrando muitas coisas das quais naturalmente mexiam comigo: as cenas noturnas, amigos que eu admirava, looks, a rua, e isso possibilitou muitas experiências agregadoras. Há uma correlação muito grande entre os espaços em que eu habito e as coisas que registro. O que se tornou ainda mais latente com a bike, porque me possibilitou explorar novos cantos da cidade. É interessante pensar que todos esses lados se integram. Tanto a fotografia quanto o ciclismo e o design possuem comunidades muito dinâmicas e abertas a trocas, onde tive o privilégio de conhecer e aprender com outras pessoas.